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Iran Sallée, referência de boa educação em Maringá

Chegou em épocas pioneiras e com votos de pobreza. Fez história na educação e na fanfarra do Marista.

Foi no ano de 1955 ele veio chamado pelo padre Cleto, que era do então Ginásio Maringá (antecessor do Colégio Marista). Ele estava até então no Ateneu Don Bosco, em Goiás. Essa história começa com um acidente em rodovia. Iran estava com um grupo de “leigos” católicos que estavam em viagem para catequizar  os índios Xavantes, no rio Araguaia. Esse grupo estava em um caminhão que acidentou-se e todos foram parar em um hospital. Lá conheceu o padre Cleto que fez-lhe o convite para vir para Maringá, assim que estivesse recuperado. O convite era para que viesse ministrar aulas de latim. Sua chegada em Maringá foi a bordo de um avião DC-3, da Vasp, quando teve sua mala desviada. Ele tinha, então, somente um livro de latim e uma clarineta que trazia nas mãos.

 Iran Sallée era professor de latim, português e desenho e tinha o título por ser concursado. Ele defendeu tese em latim e em Maringá por muitos anos foi referência em revisão gramatical pelo grande domínio da língua portuguesa.

 Além de dar aulas em Maringá, ele montou e foi instrutor da fanfarra do Colégio Marista. Fazia isso em troca de moradia em um espaço que era banheiro do colégio. Ele sempre teve orientação musical, com o pai sendo músico e o avô excelente violinista. Ele contou para o jornalista Eliel Diniz que a sua cidade, Ponte Nova, era uma cidade bem musical e lá aprendeu a teoria de música. Ainda no colégio ele confeccionou uma flauta de bambu retirado do rio Paraíba (em 1947).

 Nas suas atividades de ensino ele montou um curso pré-vestibular, o 16 de Julho, e para poder fazer a divulgação e angariar alunos ele tocava flauta em um programa na TV Coroados, de Londrina, junto com o maestro Aniceto Matti.

 Como seminarista o professor Iran mantinha votos de pobreza, castidade e obediência. Ele deixou a batina ainda em Goiás com a finalidade de cuidar de sua mãe que tinha oito filhos, pois seu pai havia falecido. Com isso ele ao sair ganhou vários livros e frisa ter ganho até sabão.

Sallée contou que em uma tarde andava pela avenida Tiradentes e encontrou-se com o professor Eráclito Machado Sandano e na conversa ele disse que seu pai fazia parte da Banda de Música de Maringá e pediu para que Iran fosse procurá-lo. Ele foi e levou sua clarineta para fazer um teste e foi integrado à banda neste mesmo dia, pois mostrou desenvoltura diante da partitura musical. Assim já foi convidado para uma apresentação marcada.

O professor Iran deixou o Colégio Marista por ter passado em um concurso estadual e foi para o Colégio Municipal, que depois mudou o nome para Gastão Vidigal.

 Orgulhava-se em dizer que nunca, em 40 anos, faltou para ministrar aulas, até mesmo no dia do nascimento de sua filha, com parto realizado pelo médico João Batista Leonardo. Neste ocorrido ele não foi até o colégio, mas telefonou e passou instruções das atividades para seus alunos.

Considerava se um homem realizado. Seu casamento foi em Maringá onde conheceu a esposa. “Era eu a esposa e Deus”, dizia ele, que complementou dizendo que foi agraciado por ter três filhas. Contou que sua vida foi no seu “palácio de madeira” feito de peroba, no mesmo endereço, comprado quando ainda era solteiro. Dizia, ainda, e que não precisava nem de carro, mesmo assim adquiriu um DKW Belcar, que possuiu por 25 anos.

 

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