Produção de peixes no Brasil cresceu 4,5% em 2018
Foi-se o tempo em
que o brasileiro consumia peixe apenas na Páscoa. O consumo aumenta
efetivamente no feriado cristão, mas os peixes, em especial os de cativeiro,
são cada vez mais comuns no cardápio das famílias e encontrados facilmente em
supermercados. No ano passado, a produção brasileira atingiu 722 mil toneladas
segundo o Anuário Brasileiro da Piscicultura 2019, da Associação Brasileira da
Piscicultura (Peixe BR). O volume é 4,5% maior do que as 691.700 toneladas de
2017.
A tilápia é um
dos carros-chefe dos peixes de cultivo no Brasil. Foram 400.280 toneladas em 2018,
com crescimento de 11,9% em relação ao ano anterior. O Paraná lidera o ranking
nacional, com 123.000 toneladas/ano (29,3% do total), seguido de São Paulo
(69.500 toneladas) e Santa Catarina (33.800 toneladas). Considerando a criação
de peixes em geral, a participação paranaense alcança o segundo lugar no país,
com 15%.
O aumento da
produção tem reduzido custos e facilitado a chegada dos peixes às mesas dos
brasileiros. E um dos motivos é o investimento em tecnologia. Nesse ponto, os
Engenheiros de Aquicultura e de Pesca têm tido importante papel na
profissionalização da cadeia produtiva. Há que diferenciar aqui a pesca da
aquicultura. A primeira faz a retirada de recursos pesqueiros do ambiente
natural. Já a outra é o cultivo de organismos aquáticos em um espaço confinado
e controlado, geralmente.
Um dos
profissionais que atuam na região Noroeste é o Engenheiro de Pesca Cleverson
Luiz de Oliveira, que também é empresário do setor. Ele desenvolve projetos de
tanques para produtores rurais e piscicultores para processo de licenciamento
ambiental. “Com estudos técnicos é possível reduzir os custos com a produção de
peixes e implantação de tanques, uma forma viável de otimizar os ganhos da
atividade comercial pesqueira”, diz.
Outra função em
que ele atua é a assistência e nutrição de peixes. Segundo ele, em Maringá
existem duas fábricas de ração que abastecem o mercado nacional há mais de 30
anos. “Não somos fortes na produção quando comparados com a região Oeste do
Paraná, que é a maior região produtora de peixes do Brasil. Entretanto, caso
haja fomento e políticas públicas, nossa região poderá se destacar.”
No final de 2017
e início de 2018, o Crea-PR fiscalizou as atividades de piscicultura e
aquicultura no Estado. Na Regional de Maringá foram 12 locais fiscalizados:
Munhoz de Melo (5), Campina da Lagoa (4), Altônia (1), São Jorge do Ivaí (1) e
Mamborê (1). A vistoria foi para verificar se pesqueiros tinham responsável
técnico.
Perspectivas
ainda melhores
Com a introdução
de tecnologias, dinâmica sólida na cadeia produtiva e acesso aos mercados, a
tendência é de crescimento acentuado da piscicultura nos próximos anos.
Além disso, há a
pendência da outorga de águas da União: mais de 2.800 processos aguardam
análise da SAP (Secretaria de Aquicultura e Pesca, do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento). As solicitações, se aprovadas, deverão
multiplicar por quatro a atual produção de peixes de cultivo no Brasil.
No Paraná, o
Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento projeta crescimento de 20% na atividade neste ano, com a
expectativa de chegar a 170 mil toneladas de carne de peixe. A previsão leva em
conta o incentivo ao consumo de pescados e também à entrada de novas indústrias
no segmento, com aumento da oferta ao consumidor.
“Os pescados de
cativeiro são produzidos de forma racional, não agridem o ambiente e, em muitos
casos, até melhoram a qualidade da água. O consumo está crescendo muito,
enquanto o preço da carne de peixe está ficando cada vez menor, por influência
direta do trabalho dos Engenheiros”, afirma Ronan Marcos, lembrando que a
margem de lucro na indústria é pequena e necessita de processos eficientes para
ser rentável.
Profissionais no
Paraná
A criação de
peixe em cativeiro ainda não representa 1% do Valor Bruto da Produção (VBP)
paranaense. Mas tem importância para vários municípios no Estado: 60% do VBP e
66% da produção de pescados vêm do Oeste, principalmente das regiões de Toledo
e Cascavel, onde a tilápia representa mais de 95% do total.
Não por
coincidência, a maior concentração de Engenheiros registrados no Crea-PR está
na Regional de Cascavel: um Engenheiro de Aquicultura e 52 Engenheiros de
Pesca. A Regional de Curitiba do Conselho tem o segundo maior contingente de
profissionais: dois de Aquicultura e 11 de Pesca. A seguir, vêm as Regionais de
Guarapuava (quatro de Aquicultura e três de Pesca), Maringá (quatro Engenheiros
de Pesca) e Apucarana (dois Engenheiros de Pesca). Há ainda 21 Engenheiros de
Pesca registrados no Conselho paranaense que trabalham em outros Estados.
Assim, são cem os profissionais registrados no Crea-PR: 7 de Engenharia de
Aquicultura e 93 de Engenharia de Pesca.
O incremento de
novos profissionais também deve acontecer em breve. No Paraná, já são cinco
instituições de ensino com cursos relacionados. A Universidade Federal da
Fronteira Sul (UFFS), de Laranjeiras do Sul; o Instituto Federal do Paraná
(IFPR), de Foz do Iguaçu; e a Universidade Federal do Paraná (UFPR), em
Palotina e Pontal do Paraná, oferecem a formação em Engenharia de Aquicultura.
A Unioeste, de Toledo, conta com o curso de Engenharia de Pesca.
Foto: Ricardo Krause |
Foto: Carlos Eduardo Zacarkim |
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